Notícias do Dia

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

7 de Outubro: o dia em que todos somos juízes


Fechadas as cortinas da utopia política em que tudo é permitido no vasto campo das promessas que nunca serão cumpridas, tem-se neste Domingo, 7 de outubro, o inevitável e saudável choque da realidade eleitoral. No Regime Democrático de Direito vigente no Brasil, no campo eleitoral temos felizmente uma real afirmação democrática quando em raros momentos da vida nacional nos tornamos todos iguais. Falamos do voto indevassável que nos permite ser absolutamente igual. Negros e brancos, pobres e ricos, poderosos e humildes se nivelam no peso democrático do voto depositado. Simbólico e ao mesmo tempo decisivo, é passível sim se questionar o valor democrático da opção eleitoral. Teria um eleitor desinformado, carente e beneficiário dos bolsas família da vida a mesma liberdade de escolha de um contribuinte que compulsoriamente paga essa conta e pode fazer a opção realmente livre, embora não raras vezes tenha que votar em quem não escolheria para ser seu representante? A realidade indesejada nos revela que o voto transformou-se em uma mercadoria nos quatro cantos do país com o agravante do péssimo exemplo vindo de cima para baixo. Em alguns casos, atinge o nível dos preços praticados no fim das feiras livres, a conhecida xepa. O eleitor minimamente esclarecido já percebeu que o mensalão, negado insistentemente pelo PT, mas comprovado pelo Supremo Tribunal Federal, a corte máxima de Justiça do país, nada mais foi do que a compra de voto dos parlamentares federais feita pelo governo petista de Lula. Assim, diante da carência que bate permanentemente à sua porta e da oferta dos corruptores candidatos, boa parte do eleitoral é empurrada para a lamentável venda de suas consciências. Não há, portanto, como se falar em crime eleitoral quando está em jogo em muitos casos o inadiável saciamento da fome. Com ela presente, não há dignidade, nem muito menos liberdade. O nordestino porreta Luís Gonzaga já dizia em sua emblemática composição "Vozes da Seca" que "uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão". Falou em vão para suas excelências detentoras de mandatos e cargos públicos. O poeta desde então alertava para o que o nordestino precisava era de trabalho e não de esmolas que hoje transformadas pela mídia oficial em programas sociais dão-lhe tão somente roupagem nova. Pois bem. Às dezessete horas deste Domingo, 7, teremos decidido quem serão os próximos gestores e respectivos legisladores municipais. Nunca é demais lembrar a afirmativa pertinente de que é no município que a vida existe. E seremos, nós, eleitores, mais uma vez, os únicos responsáveis pela representatividade que conferimos aos candidatos para nos representarem. O voto nos transforma em reais juízes do nosso destino pelos próximos quatro anos. Teremos, pois, a imensurável e democrática oportunidade de fazer com a nossa consciência e também, com nossas próprias mãos, a justiça que os tribunais não têm alcançado. Precisamos urgentemente rever nossos conceitos quanto aos critérios que devem nos motivar a decidir por determinado representante. É desejável e mais do que isso, indispensável que competência gestora, ética, espírito público e caráter prevaleçam sobre carisma, beleza, padrão social, parentesco e até dívida de favores. Apesar da notória obviedade da afirmação, não é demais reafirmar que as consequências de nossas escolhas são absolutamente proporcionais à liberdade de fazê-las. Acreditamos, por fim que o melhor voto, talvez seja o realizado em harmonia com nossas consciências.